quarta-feira, 8 de janeiro de 2020

Desafios e conquistas



Morro do Pão de Açúcar do Mamanguá





Com os barcos fundeados na frente da entrada da trilha na Praia do Cruzeiro subimos

o Morro do Pão de Açúcar numa manhã ensolarada acompanhados da tripulação do

veleiro Lady Lou.















Cada um com seu desafio: Tiago subiu reclamando do esforço, sendo necessário

incentivá-lo a cada instante para que não desistisse. Ana Cláudia com seu medo de

altura ansiosa com a “hora da pedra” e eu preocupado com a descida.


É que por alguma razão que não sei explicar, na descida, quando geralmente a

sensação é de alívio, para mim é de suplício. Minhas pernas sofrem. Incrível!

Pode ser que isso tenha alguma relação com um grave acidente de moto que sofri

quando jovem, mas o fato é que para a maioria “para baixo todo santo ajuda”, mas

eu desço as trilhas gradativamente perdendo as forças até ficar com as pernas

bambas. Mesmo uma trilha fácil como a do Pão de Açúcar.


A trilha é realmente fácil. As raízes da mata fechada formam degraus perfeitos de

uma escadaria e os galhos servem como corrimão. Subimos descalços sem

problemas com os chinelos nas mãos para o caso da pedra estar quente.

Sem pressa, a não ser pelo Caio que, demonstrando sua disposição juvenil, foi

rápido na frente, em coisa de uma hora de caminhada tranquila, incluindo pequenas

pausas para descanso e hidratação, já estávamos lá no topo.


A sensação de atingir o cume é empolgante. Para Ana Cláudia uma vitória pessoal.

O medo de altura sempre foi para ela um impeditivo para curtir a paisagem de

lugares mais altos e algumas tentativas frustradas de subir o Costão da Praia de

Itacoatiara, uma pedra perto de casa bem mais baixa do que essa de Paraty,

comprovaram a intensidade do tormento.


Mas desta vez estávamos acompanhados de Andrea e Martine Grael. As duas

foram fantásticas e ajudaram Ana Cláudia a superar a fobia com técnica e

talento: Trabalhando carinhosamente detalhes como respiração e postura,

progressivamente ela foi sendo encorajada a enfrentar o medo e ir subindo.

Ao chegar no cume foi gradativamente passando por um processo de adaptação,

desfazendo-se do estado de alerta parecendo uma estrela do mar agarrada

firmemente à pedra, para uma reação equilibrada e, por fim, confortável quase

que como se estivesse na sala de casa. Super!


Que beleza começar o ano superando um desafio desse!













A estonteante vista é uma recompensa. De lá do alto dos quase 440 metros é possível

observar a geografia peculiar do Saco do Mamanguá, nosso único Fiorde Tropical, a

Reserva Ecológica Estadual da Juatinga com a exuberante vegetação da Mata Atlântica

e os gigantescos manguezais.


Os barcos fundeados lá embaixo pareciam menores ainda diante da imensidão em volta.






Na descida não foi nada diferente do que eu previa: Ana Cláudia e Tiago, felizes e

orgulhosos de terem superado seus próprios limites, foram me zoando enquanto eu,

com as pernas frouxas, como se com folga nas juntas, descia me agarrando aos

galhos da mata para não despencar de vez.


Mas a dor e a troça foram preço baixo a pagar pelo maravilhoso passeio

entre amigos e família e uma verdadeira pechincha contra a constatação do progresso

de Caio, que há poucos anos se arrastava aos prantos para fazer pequenas

caminhadas e agora faz sem esforço ou lamento; a conquista e alegria do Tiago te ter

concluído o desafio da subida e, sobretudo, a façanha de Ana Claúdia de ter ficado

de pé, poderosa sobre o topo do Mamanguá!

3 comentários:

  1. É com imenso prazer e orgulho q digo q eu humildemente conheço essa família de campeões!UM GRANDE AB

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  2. Fiquei muito feliz pelo progresso de todos quanto aos seus medos.....achei maravilhoso

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